quarta-feira, 30 de junho de 2010

mudαnçαs


Era para ser só mais uma festa,em um colégio novo.
Era para ser só mais um dia como outro.
Foi quando você veio falar comigo,você estava com uma blusa vermelha e calça jeans e eu pensei:Só mais um garoto.
O tempo passou,começamos a nos falar por msn,você me fazia rir,você me fazia bem.
Começamos a nos encontrar,aquele lugar em que nos escondíamos dos outros ainda tem seu cheiro,ainda guarda a nossa historia.Ainda me lembro da sensação do seu toque junto ao meu rosto,o modo que o vento balançava o mato ao nosso redor,ainda me lembro dos raios de sol que refletiam em seu cabelo fazendo-o brilhar em harmonia,da sensação do toque da sua boca na minha,essa doce sensação que ainda me vicia.
O tempo foi passando talvez rápido demais,e por mais que eu não quisesse eu percebia que com ele vinha mudanças.Pequenas mudanças mas que estavam lá.
O toque já não era mais o mesmo,seus braços que quando me envolviam me fazia sentir segura como se nada pudesse me afetar,agora se tornaram duros e frios,sem o calor que há tanto me esquentava.Seu olhar que possuia uma intensidade única,que quando me olhava era como se eu fosse um código que só você pudesse desvendar,agora são distantes e vazios.
E foi assim que começamos a nos distanciar,os encontros as escondidas foram se tornando cada vez mais raros,o abraço já não me transmitia a esperança que por tanto tempo me alimentou.
E pouco a pouco fui assistindo a perda.A nossa perda.Já não éramos mais eu e você,éramos dois estranhos habitando corpos conhecidos.
E assim o tempo foi passando.Lento.Vago.Monótono.
Para kara por me fazer de ouvinte(ou melhor me obrigar a ser) sobre suas decepções amorosas

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Broken


Era como se a cada movimento que eu fizesse,estivesse prestes a despedaçar.Ao meu redor nada mais existia,eu tentava enxergar as pessoas mas seus rostos eram apenas borrões.
Aos poucos a realidade foi tomando conta de mim,tentei inutilmente me esquecer dela,porém quanto mais eu tentava mais ela insistia em me atormentar,me fazendo reviver o pior momento de minha vida.
Eu só conseguia pensar ''ele me deixou'',não tinha mais noção de nada,nem do frio,do calor ou do tempo.Minhas pernas tremiam,apesar do vento forte que assolava meus cabelos eu não conseguia respirar.
Eu já não era mais dona de mim.''ele me deixou''
E lá estava eu(ou o que sobrara de mim),sentada em uma praça.Sozinha.Quebrada.
Como pude entregar tanto de mim,a ponto de agora não sobrar mais nada?

Prison


A inevitável sensação de estar em uma jaula.
E o ar começa a se tornar insuficiente,e as palavras somem,e tudo o que você quer é sair dali.Pelo menos por um momento.
Quer por um instante acreditar que tudo pode mudar,que nada precisa ser como é agora,você quer crer que pelo menos alguém se importa de verdade com você.Quer crer que não são só mentiras e pessoas falsas que te rodeiam.
Quer encontrar uma maneira de se libertar dessa prisão criada por você mesmo.
Quer poder sentir o doce aroma da tão falada felicidade,da tão cobiçada alegria(que até então você acredita ser um mito)
Quer acreditar que um dia tudo isso valerá a pena,que o futuro não é uma ilusão,e que tudo isso vai fazer sentido no final.

Sem respostαs,sem sαídα


Era como se ela não pertencesse àquele lugar.Não.Ela não pertencia àquele lugar.Todos riam e eram felizes,todos pareciam tão completos e felizes,eram pessoas perfeitas,com tudo ao seu redor perfeito,mal sabiam essas pessoas o quanto doía para ela.O quanto custava a ela fingir fazer parte desse mundinho perfeito.
Será que só seu mundo tinha muros,muros cinzas?Enquanto a parede do mundo dos outros eram de cores alegres,o dela era fosco,seu mundo era um pequeno reino inacessível,com muros e guardas.Não tinha pontes,não tinha entradas,não tinha acesso.
Era um reino distante,onde ela era sua própria prisioneira.


Para Carmem,minha prima com autismo.

domingo, 6 de junho de 2010

sem expectαtivαs


Hoje era só mais um dia para ela,um dia sem reias expectativas,ela estava sentada,não tinha muito o que fazer além do que fazia sempre:pensar
Ela pensara em muitas coisas todos os dias,os rituais se repetiam,um dia após o outro ela sentava e pensava,ela queria sua vida de volta,queria aquela paz,a paz que tanto tempo não sentia,queria apenas poder apreciar o clima ou andar por aí sem rumo.
Ela sempre se perguntara como tudo pode acabar assim,não havia muito tempo ela tinha quase tudo,seu mundo não era completo,mas era um mundo onde ela se sentia bem,conseguia ser um pouco como ela mesma(não,ela não conseguia ser ela mesma por completo.Isso nunca)mas era o lugar onde ela podia sentir o torpor de paz que ultimamente ela tanto precisava.Pra onde fora tudo isso?
Como ela foi capaz de perder tudo tão depressa?
Pensava ela em como queria ter sido esperta e como João e Maria que jogaram migalhas de pão para marcar seu caminho.Mas e ela?O que tinha feito para marcar seu caminho?Como achar as migalhas de pão?Como se achar de novo?Como voltar pelo caminho que relutantemente ela fez?
A verdade era clara:Impossível
Talvez ela devesse somente se adaptar,talvez com o passar do tempo não doa tanto sorri,dizem que é da natureza humana se adaptar,ao menos ela precisava crer nisso.Crer que em algum lugar ela poderia talvez ser um pouco como antes,no fundo ela queria parar de exercer aquele personagem tão bem ensaiado,deixar a máscara de lado,fazer com que os muros caíssem.
Será que um dia conseguiria ser assim?